O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira que “não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix”. Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou os bancos dizendo que as instituições financeiras perdiam dinheiro com o Pix, lançado pelo BC durante seu governo e, por isso, assinaram o manifesto em defesa da democracia.

Segundo ele, o objetivo do Pix “não é tirar dinheiro de ninguém”. “O objetivo é que os bancos sejam um pedaço menor de uma torta muito maior, e é isso que estamos vendo acontecer no sistema financeiro”, disse Campos.

“Você tira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, e aumenta a transação”, completou o presidente da autoridade monetária, ao comentar que as instituições financeiras “botaram propaganda bonita”, colaboraram e “fizeram um marketing muito bom” do Pix.

Dias depois das críticas de Bolsonaro aos banqueiros, o presidente da República compareceu a um almoço na Febraban e disse que deve ser julgado por suas ações, e que os banqueiros não devem “assinar cartinha”.

A carta criticada por Bolsonaro foi lida nesta quinta-feira, em evento na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. O texto, lido pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, conta com endosso de ao menos 107 entidades, entre elas a Febraban. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil não assinaram o manifesto.

No evento desta quinta-feira, cujo tema foi “Os próximos passos e evolução da agenda do Banco Central”, Campos afirmou que há um processo de internacionalização do Pix, ao dizer que o mecanismo deve avançar na América Latina de forma rápida.

“Temos um sistema, o Pix, que é super reconhecido em fóruns internacionais”, afirmou o presidente da autoridade monetária.

No mesmo evento, ele comentou que o sistema financeiro está em uma fase de evolução tecnológica na qual “começamos a juntar os pedaços”, ao citar iniciativas tecnológicas como o próprio Pix, open finance, open banking e moeda digital.

.“Estamos caminhando de forma rápida para uma economia ‘tokenizada’ ”, afirmou o presidente do Banco Central.

Em relação ao open finance, disse que “já caminhamos muito e precisamos avançar mais”.


Campos afirmou também que o regulador não pode entrar com “mão pesada” na regulamentação dos criptoativos. “Temos preocupação que tenha transparência nos produtos ofertados aos clientes”, afirmou, ao reconhecer que trata-se de um tema que traz um debate duro em todo o mundo. Hoje, em Brasília, ele volta a debater o tema “criptoativos”, segundo a sua agenda pública.

Por último, disse que o Brasil “está na fronteira da evolução” em relação à agenda tecnológica no sistema financeiro nacional.





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12/08/2022
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